Noite Escura
Boris de Pedra
A noite escura ocultava a violência que explodia pelas ruas da
cidade. Os ataques haviam aumentado de forma alarmante. A população estava
assustada. Relatos de ataques de lobisomens circularam e aumentaram ainda mais
o pânico. Que, por sua vez, se alastrava de forma velada. Talvez fosse
apenas um serial killer que executasse suas vítimas com requintes de crueldade.
Os cadáveres encontrados revelavam terem sido mutilados. Muito
sangue ao redor. Boatos surgiram e envenenaram ainda mais a crença popular. O
pavor tornará-se um aperitivo.
A situação beirava o caos. As forças ocultas estavam
pavimentando seu caminho para instalar, definitivamente, o mal sobre a Terra.
Alguém, possivelmente, poderia pensar desta maneira. Muitos já associavam as
coisas. A mídia dissimulava. Sinalizava outra direção.
Entretanto, fora da mídia, alguma coisa estava acontecendo. De
uma certa forma o Limbo estava envolvido com alguns destes acontecimentos
sinistros.
...
Assim, Dante Virgílio investigava o desaparecimento de Bernardo
Belisário. A última notícia sua foi que esteve no casamento de um casal de
amigos.
Curiosamente, a igreja teria sido assaltada na noite anterior.
Os noivos, Bruno e Alice, encontraram-no desacordado após a cerimônia. Mas que
estavam apressados e com medo de perder o voo.
Conversamos um pouco. Ou pelo menos houve uma tentativa de que
isso pudesse ter acontecido. Enfim, Alice foi muito prestativa e não parou de
sorrir um minuto sequer.
Apesar da sua simpatia penso que não me ajudou muito para que
elucidasse o mistério. Bruno havia sido mais evasivo. Estavam mais preocupados
em falar sobre a lua de mel no litoral.
Não demonstraram
nenhuma preocupação de ordem financeira. Em sua busca, Dante Virgílio,
encontrou uma repórter que estava colhendo dados para escrever uma matéria que
abordava o surto de violência e suas implicações.
Ele, Dante
Virgílio, tomou conhecimento por meio de um artigo postado na internet.
Havia um endereço eletrônico no fim da página da web. Enviou um e-mail para
entrar em contato.
Ela, Beatriz
Boulevard, respondeu e se mostrou preocupada com o rumo das coisas. Disse
que estava confusa e precisava conversar com alguém sobre o que chamou de coisa
esquisita.
Beatriz também
mencionou a palavra estranho. Dante Virgílio, o investigador, ficou intrigado.
Isto porque reforçou a ideia de que alguma coisa fora do comum estaria
acontecendo no Limbo.
Por isso, resolveu conferir com seus próprios olhos. Aliás,
naquela altura já estava lá, no ninho da cobra, quando Blanche, a ghost writer,
chegou. Ela também estava intrigada com a poça de sangue que havia visto no
chão após esbarrar com um desconhecido.
O nome deste era Melquíades. Mas, Blanche desconhecia tal
informação. Um açougueiro. Sim, Melquíades era um açougueiro. Talvez isto
explicasse o sangue? Talvez. Só que Blanche não sabia,
definitivamente, nada sobre isso. Ainda estava envolvida pelas trevas
da ignorância.
Blanche também não tinha o conhecimento que Melquíades, o
açougueiro, era um frequentador assíduo do Limbo. Melquíades, por sua
vez, com sua aparência nada convencional, diga se de passagem, gostava de
ir lá para relaxar. Para se acalmar.
Quando ficava muito agitado buscava alívio naquele inferninho. A
agitação era por causa de uma atividade que realizava ocultado pela escuridão
da noite. Como diria o ilustre bardo inglês, Willian Shakespeare, existem mais
mistérios entre o céu e a terra do que supostas dúvidas que trafegavam pelo
pensamento de Blanche Richards.
Talvez, no fundo de sua alma, ela até suspeitasse. Intuição
feminina? Sim, pode ser. Mas a verdade, dolorida, era que Melquíades estava
viciado em sangue.
No entanto, caro leitor(a), ele não era um vampiro. Não
pertencia à elite dos sugadores de sangue. Cabe lembrar que Karl Marx havia
denunciado estes seres estranhos na introdução do manifesto comunista. Muitos
pensaram tratar de uma mera metáfora do filósofo.
Enfim, mas voltando ao caso específico do açougueiro chamado
Melquíades e que afirmamos, anteriormente que estaria viciado em sangue. Pois
bem, ninguém sabia desta informação, mas quem avisa amigo é, já dizia um velho
ditado popular.
Então, respire fundo, pois não sou sou de causar suspense à tóa,
tão pouco esnobaria de vossa inteligência, caro leitor(a). Por isso, como se
fosse amaldiçoado pela mão pesada dos justos, confesso que não consigo mais
ocultar que Melquíades era , de fato, um monstruoso asassino em série.
Lucíolo, o barman, sabia de muita coisa que acontecia ali
dentro. Sim, uma pessoa com várias cartas escondidas entre as mangas. Apesar da
aparência um tanto inocente. Mas, devo dizer que esta afirmação não é uma
unanimidade.
Atrás do balcão sempre ouvia uma história ou outra quando não
ficava sabendo das coisas ao conversar com alguém a quem tinha servido um
drink.
Ele, Lucíolo, o dissimulado, não esperava , pelo menos não
naquela noite, ver novamente aquele sujeito que havia saído com a Veruska. No
caso, o tal do Garoto da Meia Noite. Só que, Lucíolo, também não sabia
que o garoto que se dizia da meia noite era, na verdade, um paranormal.
Aliás, nem o próprio tinha conhecimento de sua paranormalidade. Inclusive, ele mesmo, ainda não estava seguro com relação à esta paranormalidade. No entanto, sua vida havia sido salva por causa deste detalhe.
Só ficou sabendo ou passou a ter suspeita em relação a isso há
pouco tempo. Foi durante um momento íntimo. Tocava com sua mão no seu orgão
genital.
Como um cara que se descobre paranormal batendo uma punheta pode
ser levado a sério?
A falta de uma resposta plausível para este questionamento o
deixava ainda mais inseguro. Ele, o garoto, foi se excitando conforme se
masturbava e logo ejaculou.
Um líquido foi expelido. Mas não era urina.
_ “Que pôrra é essa?”
Aquilo ficou na sua cabeça. Tempos depois passou a usar
somente roupas pretas. Começou a se interessar pela estética gótica. Buscou ler
poemas com tais características e , também, passou ouvir o que se denominou
chamar de Rock Gótico.
Em seguida, adotou o nome de Garoto da Meia Noite, e passou a
frequentar o Limbo.
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